Neurociencia Felicidade

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Neurociência da Felicidade

JÁ PENSOU EM PROGRAMAR SEU CÉREBRO PARA SER FELIZ?

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A neurociência tem desenvolvido pesquisas ao longo das últimas décadas para descobrir os mecanismos cerebrais que nos proporcionam felicidade.

De acordo com um estudo realizado por Lee S. Berk e apresentado pela Sociedade Americana de Psicologia, os níveis de endorfina (um dos hormônios que promove a sensação de “bem estar”) podem ser aumentados no nosso cérebro através de pensamentos simples e direcionados há algo que gostamos.

Segundo o autor, a expectativa de simplesmente assistir ao nosso filme favorito pode elevar os níveis de endorfina em até 27%.

As boas expectativas proporcionam ao cérebro uma produção de neurotransmissores mais positivos para enfrentar as tarefas cotidianas.

Em complementação, Shawm Achor em seu livro “O jeito Harvard de Ser feliz” cita experimentos que atestam que quanto menos nos expomos a programações negativas de televisão (especialmente programas de violência e tragédia), mais felizes somos.

Ninguém aqui está falando de alienação, ou de isolamento do mundo real, mas sim, dos filtros em relação a quantidade tempo que passamos assistindo cenas de envolvendo criminalidade, tragédias e morte exibidas diariamente nos noticiarios.

Inclusive Shawm aponta que psicólogos já descobriram que pessoas que assistem menos à televisão têm leituras mais precisas em relação aos riscos e recompensas da vida, pois elas se expõem menos a conteúdos sensacionalistas e parciais.

No meio disso tudo os pequenos detalhes dos pensamentos que estão passando pelo seu cérebro estão direcionando a sua forma de observar o mundo externo. Produzindo substâncias hormonais e neurotransmissores que influenciam na nossa felicidade. E aí, bora definir um tempo limitado para nos atualizarmos das notícias e dedicar o restante do tempo para planejar ou executar uma tarefa que gostamos?

Fonte de dados: Shawn Achor; O Jeito Harvard de ser Feliz ; 2012 Just the expectation of a mirthful laughter experience boosts endorphins 27 percent, HGH, 87 percent. American Physiological Society.

SER BONDOSO REALMENTE TE FAZ FELIZ?

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Certamente você já deve ter se questionado quanto a relação das palavras bondade e felicidade!

Sonja Lyubomirsky foi mais além e resolveu pesquisar essa relação. Autora de “A Ciência da Felicidade“, ela afirma que fomos condicionados a acreditar que as coisas erradas nos fariam felizes de maneira duradoura.

Você já parou pra pensar se o que acha que te traz essa sensação momentânea de felicidade é realmente o que faz você ser feliz de maneira duradoura?!

Parei pra refletir e encontrei algumas constatações dessa pesquisadora.

Um ponto interessante é que diferente do jargão social, ela não nega que o dinheiro ou os bens materiais trazem felicidade. O que ela questiona é a nossa maneira errônea de acreditar que esses bens nos trarão muita felicidade e por muito tempo.

Pelas constatações ela descobriu que a sensação de felicidade percebida por esses itens é menor e menos duradoura do que projetamos.

Então, o que realmente pode nos trazer mais felicidade e por mais tempo?

Em suas pesquisas, descobriu que realizar 5 atos de bondade diários aumentaram a felicidade percebida e essa sensação ainda permanece por mais vários dias à frente.

E aí, vamos juntos gerar atos de bondade para o mundo?!

Vou deixar aqui algumas dicas importantíssimas que irão te ajudar a obter os benefícios da bondade genuína:

  • Quando realizar o seu ato de bondade, de preferência não conte para ninguém o que fez: a bondade não espera nada em troca, faça pelo simples fato de ser bondoso.

  • Quando fizer o gesto de bondade, reforce o estímulo, repita mentalmente ou em voz alta: *Eu faço a diferença na vida das pessoas *Estou orgulhoso (a) de mim mesmo, sou uma pessoa de valor para a sociedade

  • Não precisa ser algo grandioso, pequenos gestos feitos com o coração e com a intenção consciente podem fazer a diferença na sua semana e no seu estado de felicidade!

Esse ciclo, além de fazer bem para todas as partes envolvidas, iniciará um ciclo cheio de boas recompensas! Irá proporcionar a liberação de citocinas, irá te tornar mais sociável, mais esperançoso e trará um pouco mais de segurança perante a vida!

Fonte de dados: Sonja Lyubomirsky; A Ciência Da Felicidade; 2008

UM EXPERIMENTO COM $20 QUE PODE MUDAR A SUA VIDA

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Ainda não acreditou na relação entre a bondade e a felicidade?

Vou te trazer mais algumas provas!

Semana passada escrevi sobre a bondade e os níveis duradouros da felicidade, mas como isso é REALMENTE importante, resolvi falar um pouquinho mais disso com você!

Na Universidade da Pennsylvania foi realizado um experimento que ajudou a compreender um pouco mais sobre a relação bondade e felicidade. 46 alunos receberam 20 dólares cada um para gastar com o que quisessem, exceto uma pequena regra! Sabe qual?

Parte dos alunos deveria gastar o dinheiro consigo mesmo e a outra metade deveria gastar o dinheiro com outras pessoas (pagando um almoço, comprando um presente, fazendo uma doação…).

Ao final do dia, adivinhe quem se sentiu mais feliz?! O segundo grupo, que gastou com o outras pessoas.

Em busca de respostas em relação à felicidade, três pesquisadores afirmam que tão importante como o quanto de dinheiro você gasta é o como você gasta.

Para complementar esta constatação, Ryan Howell, da universidade estadual de São Francisco, entrevistou 154 pessoas. Elas foram questionadas em relação aos gastos que fizeram pessoalmente nos últimos 3 meses para se sentirem felizes.

Ryan queria saber se esse gastos eram relacionados a compras materiais (televisores, relógios, cosméticos…) ou experiências (shows, teatros, jantares com amigos…). Ao final da pesquisa ele verificou que apesar das pessoas que gastaram dinheiro com a compra terem ficado felizes. Aqueles que descreveram as experiências mostraram uma maior satisfação no momento e depois que a experiência passou.

Isso não quer dizer que você não pode gastar o seu dinheiro como você mesmo, comprando coisas que goste, até porque faz parte do nosso bem estar. Esses experimentos só nos trazem mais exemplos de como o nível de Felicidade que sentimos, pode ser aumentado quando gastamos tempo e dinheiro com outras pessoas..

Essa é mais uma estratégia para ajudar o seu cérebro a te trazer boas sensações, para aproveitar o máximo que a vida tem a nos oferecer.

Fonte: Elizabeth W. Dunn, Lara B. Aknin, Michael I. Norton. Spending money on others promotes happiness. Science; 2008 VIA Signature Strengths Assessment, University of Pennsylvania Jia Wei Zhang, Ryan T. Howell, Peter A. Caprariello, Darwin A. Guevarra; Material buyers are not happier from material or experiential consumption; 2004

RINDO ATÉ DOER

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Com certeza você já deve ter escutado essa expressão “rindo até doer” ou passado por alguma situação onde riu tanto que a barriga começou a doer!!

E se eu te contar que o diretor do centro de neuroimunologia da Universidade de Loma Linda, na Califórnia, descobriu que rir, além de ser gostoso pode ajudar a manter o seu coração saudável e reduzir os níveis de cortisol (hormônio do estresse)?! Segue comigo que vou te explicar.

Lee Berk pesquisa o tema há anos e conduziu um experimento com dois grupos de pacientes que tratavam problemas cardiovasculares, o primeiro grupo foi tratado somente com os medicamentos indicados e o segundo grupo, além dos medicamentos, foi submetido a sessões diárias de 20 minutos de comédia. Foram estimulados a rir todos os dias durante um ano.

Após um ano nestas condições, o pesquisador monitorou os níveis de proteína C reativa, responsável por processos de inflamação e marcador de risco para doenças cardiovasculares.

De forma surpreendente, Lee constatou que o nível desta proteína havia reduzido em até 66% nas pessoas que foram submetidas ao tratamento complementar com o riso. Enquanto no grupo que não era estimulado a rir, os níveis da proteína C reduziram somente 26%.

O Dr. Lee Berk já realizou diversas pesquisas interessantes no instituto e observou cientificamente os inúmeros benefícios da risada aos seres humanos.

Vamos juntos aproveitar ainda mais os benefícios de uma boa risada?!

Lembre-se, a risada não resolverá seus problemas diretamente, porém, ela criará um estado mental melhor para resolvê-los.

Então, não dependa dos outros para poder se divertir, divirta-se com você mesmo, fale com frequência palavras como: Engraçado, Legal, Divertido, Cômico… Esteja aberto às possibilidades de se divertir

Fonte: Berk, Lee. American Physiological Society. “Laughter Remains Good Medicine.” ScienceDaily. ScienceDaily, 2009.

O CÉREBRO E A GRATIDÃO VERDADEIRA

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Com certeza você já ouviu falar que gratidão faz bem! Esse tema viralizou nos últimos tempos, porém, algumas vezes de maneira rasa..

Então, resolvi escrever para entendermos um pouco mais sobre a relação da gratidão com os mecanismos cerebrais!

Fui pesquisar mais a fundo e descobri que pesquisadores da Universidade de Indiana, nos EUA, conduziram uma pesquisa interessante sobre o tema. Quer saber? Fica aqui que vou te contar!

Eles separaram 43 pacientes que tratavam a depressão e ansiedade para analisar os efeitos da gratidão no cérebro. Além das sessões de psicoterapia a qual todos participavam, metade dos indivíduos foram submetidos a sessões semanais de 20 minutos de gratidão, escrevendo cartas para agradecer a alguém.

Após 3 meses dessa prática, todos os 43 pacientes foram expostos a fotos de pessoas que teriam feito grandes doações financeiras para o projeto. E chegou a hora de testar os efeitos da prática!

Quando os pesquisadores escanearam o cérebro dos participantes, eles observaram que os integrantes do grupo que escreveram as cartas de gratidão possuíram maior atividade cerebral observada nas áreas relacionadas à gratidão do que o outro grupo. Interessante, não é?!

Uma revelação muito importante observada pelos pesquisadores foi a de que a gratidão é uma prática que pode ser treinada! Além disso, eles concluíram que a gratidão pode auxiliar na amenização de emoções negativas. Para isso ela não precisa ser compartilhada, porém a sua construção leva tempo.. É como treinar um músculo na academia, precisa de repetição, atenção, persistência e consistência!

Para fazer isso acontecer, na minha rotina escrevi uma pequena lista que uso para balizar os meus processos de gratidão.. Vou compartilhar aqui com você:

  • Só o #Gratidão não vale, precisa ser de coração
  • Tem que ser intencional, preciso criar essa possibilidade
  • Dou preferência a escrita, fica mais fácil expor, registrar e construir o processo
  • Gosto de ficar atento que, gratidão é para agradecer e não para se desculpar ou por obriga + ação

E aí, gostou? Bora Começar a treinar o nosso cérebro para isso?!

Fonte: Kini P., Wong J., McInnis S., Gabana N., Brown J. W. The effects of gratitude expression on neural activity. NeuroImage, 2016.

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